Caros seguidores,

Este post não se debruça especificamente no mundo da informática, no entanto é algo que não poderíamos deixar de comentar por ser um tema tão próximo a quem sugeriu escrever sobre este conteúdo.

Vamos a isso.

Muitos jovens da década de 90 para a frente (pedimos desculpa se excluirmos aqui algumas pessoas dos anos 80 e 70 que também se identificam com isto), por bem ou por mal, são um produto de uma cultura global, pesadamente influenciada, por Portugal estar no mundo ocidental, pela cultura Americana. O que é que isto significa?

Significa que crescemos com Cartoon Network, Disney, Nickelodeon, FOX, AXN, etc.. Muitos de nós são capazes de conhecer melhor o mundo da cultura pop e Americana do que o mundo da cultura Portuguesa. Com isto, também vieram outros ideais americanos, como o American Dream, Pull yourself from your bootstraps, If you fail, try again until you succeed e adiante. Os Americanos na era moderna continuam a ter a mesma ambição que os seus antepassados tinham com o Manifest Destiny para expandirem os seus territórios (embora reconheçamos que o capitalismo abusivo e selvagem esteja a colocar muita coisa em risco já há algum tempo… não nos vamos meter por aí). Estas filosofias de ambição extrema, de alcançar os objetivos individuais de cada um e de tentar até ter sucesso, não são nem completamente positivas, nem completamente negativas. Não nos vamos debruçar sobre isso também. O importante a retirar daqui, é que muitos jovens ficaram com estes ideais incutidos desde infância, e isso influenciou-os mais do que o que julgamos para o seu desenvolvimento pessoal e profissional.

Podemos confirmar ainda o que foi referido acima acerca da ambição divina dos Americanos até a analisar artigos e estudos acerca de quem trabalha mais arduamente e é mais produtivo entre Americanos e Europeus. São inúmeras as referências para isto 1, 2, 3, 4, 5. Esta ambição foi incutida nalguns jovens Portugueses e Portuguesas, mas não em todos.

Passamos agora para o caso específico da cultura Portuguesa. Caros seguidores, pelo título já devem ter conseguido supôr que a opinião que irá ser expressada não é uma muito positiva. Mas antes disso, algum contexto histório para entender o porquê da cultura Portuguesa estar tão associada, a nosso ver, ao “sacrífico” e “lamento”. O nosso ponto de inicío é um dos 3 Fs (Fado, Fátima e Futebol).

Embora seja algo a diminuir em recentes anos, ou até mesmo muita da população não ser praticante, Portugal sempre esteve aliado à Igreja Católica. Tanto que por cada rua que se vire, há sempre um Santo ou uma Santa qualquer a proteger-nos. Ou um palco fascinante para o Papa se aposentar durante umas horas e depois ser usado para festivais de música.

Como devem imaginar, não é difícil, ao longo de séculos, para algo tão forte como uma religião influenciar a população de um país e naturalmente a sua cultura. Um dos grandes focos do Catolicismo, bem como outras religiões, é precisamente o do sacríficio 6 7 8. E em Portugal, nós achamos veemente que esta perspetiva do sacríficio explodiu pela população, tornando-se numa peste e numa doença quase.

É preciso passar a vida em sacríficio para se ser alguém. Nunca podemos ter muito, sempre pouco, senão já não nos podemos queixar que estamos mal. Sabe-nos bem dizer que estamos mal e que o vizinho está melhor porque é rico. A riqueza e o bem-estar são vistos com maus olhos. O que é preciso é ser-se pobre e doente e andar sempre mal e a fazer sacríficios pelos outros. Pois aí, aí sim, sabemos que aquela pessoa está a fazer tudo o que pode para ficar melhor. Mas chegar ao seu objetivo? Nunca, pois isso é mau. Os Portugueses parece que gostam da miséria, que gostam de estar mal, que não querem riqueza e que não querem que ninguém a tenha também. Se estamos mal, os outros também devem estar. E isto é problemático.

Recordamo-nos sempre também de uma conversa entre o General Otelo Saraiva de Carvalho e um ex-primeiro ministro Sueco Olof Palme. Após a revolução do 25 de abril, o Olof Palme visita Portugal com curiosidade de como o país se desenvolverá após deitar abaixo uma ditadura horrenda que atrasou o país numa das piores alturas a nível de desenvolvimento social, económico, tecnológico e científico. E Olof questiona ao General Otelo, “O que quer Portugal com esta Revolução?”. Diz-se que a esta questão, Otelo Saraiva de Carvalho respondeu “Queremos acabar com os ricos.”, ao que Olof Palme retorque “Nós andamos a tentar acabar com os pobres há 20 anos e não conseguimos”. Isto seguidores, se não pinta uma caricatura do que é a mentalidade do sacrífico e do mau estar da cultura Portuguesa, não sabemos o que seja. Não obstante de ser importante regular aqueles que são extremamente ricos e taxa-los de acordo com as suas vastas fortunas, porquê dizer que queremos acabar com os ricos? Porquê não fazer de todos ricos?

E isto vê-se a uma menor escala no nosso dia-a-dia. Se o vizinho comprar um carro novo, ficamos ressabiados. Se o colega de trabalho consegue uma promoção, ficamos invejosos. Se uma colega de trabalho pergunta-lhe a si, um homem, quanto ganha para averiguar se não está a ser discriminada com base no seu género, a resposta é tipicamente “Não é da tua conta. Desenmerda-te” (atenção que a atitude do desenmerda-te é boa nalguns contextos. Não neste.). Em vez de celebrarmos e empoderarmos os nossos concidadãos, queremos vê-los a sofrer e em pior estado que o nosso. Reconhecemos que nem todos são assim e que isto é uma generalização, mas qual de nós não passou por isto a dada altura nas suas vidas?

Mudemos a nossa perspetiva do sofrimento e mau estar para uma perspetiva mais Americana. Não uma de “eu sou o mais importante que se lixem os outros”, mas uma de “se conseguiste alcançar objetivos pessoas, vou celebrar esse facto.”, “vou partilhar o meu salário com os meus colegas, para sabermos em conjunto se há alguém a ser injustiçado”.

Não acabem com os ricos. Pelo contrário, ajudem-se uns aos outros a criar riqueza, seja ela qual for para cada um de vocês. Deitemos para o lixo o pensamento do sofrimento e vamos dar as boas-vindas a uma cultura de empoderar o outro para ele poder ter uma vida melhor, e para nós próprios também termos uma vida melhor.

UNCAUGHT_EXCEPTION: Class “Portugal” has suffered a memory leak at feelings.java. Would you like to think positive and empower others?